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sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Parar de fumar pode representar sair da estatística de câncer.

Imagem:Google

A Organização Mundial de Saúde adverte: fumar é a principal causa de morte evitável do mundo. E não é para menos, qualquer estudante de medicina quando começa a estudar os mecanismos das doenças adquiridas vê que o tabagismo está entre as causas. Os gastos com saúde pública em decorrência destas doenças continuam altos.

Autor: Solange

A Organização Mundial de Saúde adverte: fumar é a principal causa de morte evitável do mundo. E não é para menos, qualquer estudante de medicina quando começa a estudar os mecanismos das doenças adquiridas vê que o tabagismo está entre as causas. Os gastos com saúde pública em decorrência destas doenças continuam altos.
No ano de 2011, R$33 milhões foram gastos pelo Ministério da Saúde com medicamentos para auxiliar os fumantes que desejaram parar o hábito. Porém é preciso investir mais e traçar novas estratégias, pois o IBGE mostra em sua pesquisa que o hábito de fumar começa na infância, que 24,2% dos adolescentes que frequentam a escola experimentaram cigarro pelo menos uma vez na vida e que nas escolas públicas os alunos estão mais expostos que os da rede particular (25,7% versus 18,3%).
A grande pergunta é por que estes jovens começam o tabagismo tão precocemente? O que está faltando nas escolas que não conseguem ensinar ao aluno que fumar não é um hábito saudável. Sabemos da crise que a educação passa, especialmente pelo excesso de liberdade que atualmente é dada aos jovens. Passam a ir sozinhos para a escola ou em companhia que influencia negativamente o adolescente. Os próprios pais fumam na frente dos filhos e passam para eles a sensação de relaxamento que o cigarro traz. Em determinadas escolas, professores têm sua área de fumódromo, mas mesmo escondidos, quando chegam à sala de aula cheiram a fumo.
Acredito que se o hábito de fumar fosse combatido mais precocemente, as pessoas não fumariam. Lembro-me na época de adolescente, quando fumar era um ato de força, inteligência e poder, que minha professora de biologia levou uma peça de pulmão e de estômago de um fumante e um não fumante, o horror que causou nas alunas ficou muito patente. Pouquíssimas alunas daquela época aderiram ao tabagismo. Além do mais, havia uma cadeira de Orientação Educacional, onde uma professora se sentava em círculo com as alunas e vários assuntos eram discutidos, principalmente os que envolviam alguns tipos de conflito. Cigarro, bebida e drogas eram bem discutidos. A orientadora ainda recebia as alunas particularmente em sua sala de forma confidencial. O percentual de alunas com algum tipo de vício era baixíssimo. Eu estudava em escola pública.
Onde quero chegar? Não basta proibir o fumo em locais públicos, estampar os malefícios do cigarro nos maços, proibir veiculação de propagandas sobre cigarro na mídia. O consumo continuará existindo, pois no caso de vícios ligados ao tabaco, álcool e drogas ilícitas a propaganda boca a boca é bem eficaz. Crianças e adolescentes não podem desenvolver estes hábitos, eles têm que ter espaço para falar e orientadores que os ajudem a combater o estresse.
Em 2012, R$21 bilhões foram gastos no Brasil com doenças relacionadas ao cigarro, e provavelmente o câncer é a principal moléstia, como revela o estudo financiado pela Aliança de Controle do Tabagismo (ACT). Isto corresponde a 30% do orçamento do Ministério da Saúde para 2011 e chega a ser 3,5 vezes maior dos impostos arrecadados pela Receita Federal em 2011 com produtos derivados do tabaco. Ficou também claramente demonstrado que os gastos com saúde são maiores do que a arrecadação dos tributos, numa base de U$3 para U$1.
Outro estudo conduzido pelo Hospital do Coração (HCOR) revelou que 40% dos pacientes com tabagismo apresentavam sintomas de depressão de leve a moderada. Também 85% dos pacientes apresentavam ansiedade de média a alta. Este é um dos terrenos mais férteis para o desenvolvimento do câncer: tabagismo, ansiedade e depressão. Os dois últimos fatores também são responsáveis pela recaída do hábito do tabagismo. Isto mostra que tanto o sistema público de saúde, quanto o privado são falhos ao não oferecer profissionais que ajudem estas pessoas a lidar com seus problemas por meio de outras estratégia que não seja o fumo, tão pouco o uso de medicação controlada.
Em suma, a visão do controle do tabagismo no país anda a passos de formiga, permitindo que vidas sejam ceifadas e um fumante morto seja logo substituído por um jovem fumante ou até mesmo uma criança.

Fonte do Artigo no Artigonal.com: http://www.artigonal.com/medicina-artigos/parar-de-fumar-pode-representar-sair-da-estatistica-de-cancer-6695852.html

Perfil do Autor
Solange Maria Diniz Bizzo   Médica Formada pela Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Médica cirurgiã oncológica do Instituto Nacional do Câncer, com Mestrado em Cirurgia Abdômino-pélvica pela Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro e Doutorado em Ciências Médicas pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro. Atualmente desenvolve a página virtual http://vivasemcancer.com.br com a finalidade de informar ao leigo como hábitos saudáveis podem prevenir o surgimento do câncer.

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